1) o foco central na corrupção (absoluta e exclusiva) dos petistas e na provocação da indignação seletiva da classe média, que desconhece ou já esqueceu a corrupção e a privataria tucana dos anos 90.
2) O foco na ideia de crescimento da economia via sabe-se lá como, senão com promessas de mais livre comércio e apoio à livre empresa (como se o PT não tivesse feito isso).
Ambos jogam com a aparência dos fatos e processos e com a imagem do candidato bom moço, playboyzinho, a cara da classe média. Essa componente Imagética, emocional e irracional é muitas vezes tudo, como sabemos desde Collor.
COM ISSO, NOTE BEM, O PROJETO ECONÔMICO E SOCIAL DELES vai pra debaixo do tapete.
Coloquemos aí na nossa continha as promessas realmente existentes, as que nunca aparecem de todo, e se camuflam na fala técnica de tipo "espetacular" de Aécio, Fraga e cia.:
1) Rever a política de salário mínimo e dos salários em geral e as leis trabalhistas, pois segundo Arminio Fraga eles estariam emperrando negócios e muito fora dos padrões de produtividade globais; ou seja, vem aí flexibilização de tudo, valendo talvez até trabalho semiescravo.
2) Privatização dos presídios e redução de maioridade penal, ou seja, começa com presídio, que virará uma fábrica de fazer presos pois darão lucros, e termina-se sabemos bem onde: em tudo o que pode dar lucro para a iniciativa privada.
3) "Choque de gestão" neoliberal e meritocrático no serviço público, ou seja, uma lógica individualista e egoísta na gestão da coisa pública, que ao mesmo tempo a sucateia, reduz quadros de funcionários públicos e institui recompensas monetárias e números abstratos como metas absolutas.
4) Política comercial mais aberta com os EUA e o mundo, ou seja, uma nova Alca, com outro nome, nos aguarda no fim do túnel.
5) Banco Central independente e redução do gasto público ao fundamental para o capital.
6) Redução do papel dos bancos públicos, segundo Fraga novamente, ou seja, não vai sobrar dinheiro para financiar casa popular e outras coisas que esses playboys neoliberais, os Chicago boys, gostam de chamar de "políticas populistas".
Se o PT não colocar essas cartas econômicas na mesa, adiantando seu plano para a crise que vem em 2015 e 16, Aécio vence fácil, mais fácil por causa dos escândalos e acusações espetaculares, que podem ser apenas mentiras do ex-diretor demitido por Dilma.
Então, politizar o debate é trazê-lo para o chão econômico. Contra moralismo seletivo, aparências e discurso liberal light (escondendo seus pressupostos) ninguém pode.
Ou pelo menos como a tradição brasileira ensina (devo essa "deixa" a Manoel Dourado Bastos), quando a personagem cínica se alia a seu narrador não confiável (mídia monopolista) a eleição do ticket da barbárie neoliberal está com o caminho preparado. Machado de Assis foi o primeiro a mostrar esse conluio entre narrador não confiável e as personagens da elite em seu romance de segunda fase.
Música de fundo moderna disso tudo: a bossa nova, a música aérea das elites, planando sobre a catástrofe social circundante.
Bob Klausen
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