GOLPE À VISTA (E TAMBÉM A CRÉDITO)
O
que vem por aí é o golpe branco, suave, midiático-parlamentar, cheio de moral seletiva e amnésia de
classe fabricada por manchetes dos jornais, que hoje substituíram
totalmente a leitura e a reflexão crítica. O golpe baixo dos que não toleram as classes populares na política e vieram preparando sua vingança a quase uma década.
O
que vem por aí, depois disso, é a legitimação midiática das medidas
neoliberais que pensávamos que estariam destruídas depois da crise de
2008. Nas discussões nas redes sociais, em caixas de jornais, é isto: além do
preconceito de classe, do moralismo seletivo e do ódio monumental
devotado à esquerda, querem ou aceitam encolher a política e o estado a
um mínimo em favor das forças reificadas do mercado. Aceitam
privatizações e sucateamento geral do serviço público. Não querem nada
mais que dólar barato e menos impostos.
Individualismo
liberal de massas. Eis o monstrengo que se criou às nossas costas, no
seio dessas novas classes médias extremamente consumistas e
politicamente semianalfabetas. Aceitam o governo Temer aparentemente sem
nenhuma noção do desastre que virá para os trabalhadores. O espírito
empreendedor se generalizou, e ninguém mais se vê como trabalhador
espoliado e dominado. É da falência da consciência de classe, que chegou
a se esboçar em certo momento nos anos 60, 70 e 80, é da amnésia feita
pela indústria da notícia, que impede toda acumulação de experiência
histórica, que o golpe tira seu combustível.
Ao
passo que a periferia silencia, descrente de salvadores à esquerda ou
direita, pois tem de ganhar a vida agravada pelo governo que também a
traiu.
Contudo, o golpe também será a crédito. Crédito com juros estratosféricos, como condição de reprodução dos serviços básicos e alimentação do capital financeiro hegemônico. Crédito - PURA CRENÇA - na estabilidade de um governo que vai plantar o caos social... para colher a guerra de classes a médio prazo.
Bob Klausen (março de 2016)
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