15 outubro, 2014

Reificação e desreificação da consciência

Como é que a classe dos "informados" vai entender as implicações do monetarismo do seu candidato neoliberal? Será que desenhando ela entende?

Alguém dirá: o raciocínio é impenetrável também para a classe trabalhadora. Será mesmo? Os trabalhadores já compreendem primeiro no bolso e depois no modo de vida cotidiano a mudança e a possível destruição de tudo que foi conquistado. A classe trabalhadora foi abalada e sabe que pode perder tudo tal qual "ganhou" pelo trabalho --- daí grande parte se assustar com o ataque midiático que prega o puro caos econômico -- e assim, ela também vota inconscientemente no inimigo de classe. O PT, dizem alguns, prega o medo. Não é bem assim. As circunstâncias reais são desfavoráveis na economia mundial atual. E são de meter medo, caso um modelo neoliberal vença. A crise é objetiva, mas alguns a transformam em terrorismo econômico e em caos espetacular-midiático no contexto de um governo que tem adiado a crise, com reservas internacionais razoáveis (350 bilhões de dólares). As estruturas sociais estão abaladas, a representação não representa mais nada. Por outro lado, a divisão social das classes começa se esboçar, e assim surge ao mesmo tempo a brecha para a ascensão conservadora e reacionária, para a cegueira, o irracionalismo e o fundamentalismo mais estúpidos, tanto quanto para uma verdadeira unidade de classe entre os de baixo. No entanto, essa dialética patina e se esfuma momentaneamente.

Isso posto, é importante ver o outro lado da história: a classe trabalhadora também sabe comparar o passado ossificado ao presente recém transformado e aberto à mudança. Ela sentiu a história, desnaturalizou parte dos processos coisificados e assim também, em parte, politizou o debate (percebeu que a política interfere sim na economia, que deixa então de ser um puro fetiche de cartas marcadas). Se o PT tivesse forçado uma politização do debate histórico e formado um consenso democrático contra as elites ele ganharia a hegemonia que conquistou no final dos anos 2000, trazendo essa classe média conservadora para o seu lado, contra-a-corrente mundial neoliberal e agora francamente anti-socialista.

Bob Klausen 

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