03 dezembro, 2015

EPÍLOGO - o fim de uma novela política insossa

EPÍLOGO
                                                                                      por Bob Klausen

O Brasil virou um pôquer numa novela mexicana ou num "big brother".

Cunha blefando que tem poder dentro da casa, congresso conservador todinho comprado almejando apenas desmoralizar ainda mais o PT e daqui a pouco chantageando o governo para obter mais concessões, e o governo Dilma fingindo-se "de esquerda" colocando Levy e Tombini na pilotagem recessiva, enquanto o ditadorzinho juiz-milionário do Paraná faz o serviço seletivo da difamação e empurra ainda mais o governo para as cordas ("governabilidade") e a economia para o precipício.


Tudo filmado e arquitetado por uma mídia conservadora até o último fio de cabelo, mas a tal ponto que conserva o país na lama e o empurra ainda mais para trás, arrastando o enredo insosso da novela que já deveria ter terminado, interessada em vender manchetes-bomba para não acabar de falir, enquanto sabe que o final da novela será necessariamente um governo eleito que terá de permanecer (seja com Dilma ou com Temer). Com Temer, carta aberta para terminar de destruir direitos conquistados. No enredo da peça apenas isso: situações-limite, provas de resistência para ver quem é mais corrupto e mais calhorda, muita difamação moral, alguns barracos armados com boatos sobre o filho do amigo, e no final um país à beira da guerra civil, a se desenrolar nos capítulos finais, seja pela renúncia forçada seja pelo impeachment arrancado (que só sai se o país melhorar um pouco e a audiência demonstrar que não foi tão afetada assim pela mentalidade golpista e autoritária, enfim, que não gostou do programa reacionário e até vai votar na esquerda que restou em 2016 e em 2018).

Quem apoiar o golpe apoia esse novelão mexicano, esse big brother, esse pôquer no teatrinho de farsantes. Quem quiser o seu fim lutará para reconstruir a esquerda para fora e mais além do PT, como se vem ensaindo há duas décadas já. Chegou a hora de escolher e de fazer.

Depois de terminar essa peça, demissão: acabou o papel de quem se fingia de esquerda.

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