11 abril, 2015

O Brasil do dia 12 medido pela Escala F

Parece que o "transe" moralista e autoritário será menor amanhã -- por efeito da aprovação da Terceirização Universal. Mas creio que será mais uma vez um laboratório das tendências protofascistas da classe média conservadora e narcisista.
Eis os conteúdos da ESCALA F (Fascismo) segundo Adorno (além de Levinson, Sanford e Frenkel-Brunswik, em The Authoritarian Personality):
1. Convencionalismo. Adesão rígida a valores convencionais, de classe média.
2. Submissão autoritária. Atitude submissa, acrítica diante de autoridades morais idealizadas do próprio grupo.
3. Agressão autoritária. Tendência para procurar e condenar, rejeitar e punir pessoas que violam os valores convencionais.
4. Anti-intracepção. Oposição ao subjetivo, ao imaginativo, ao compassivo e ao sensível-terno.
5. Superstição e estereotipia. A crença em determinantes místicas do destino do indivíduo; a disposição para pensar em categorias rígidas.
6. Poder e "Dureza". Preocupação com a dimensão submissão-dominação, forte-fraco, líder-seguidores; identificação com figuras do poder; sobrevalorização dos atributos convencionalizados do eu; asserção exagerada da força e da dureza.
7. Destrutividade e cinismo. Hostilidade generalizada, aviltamento do humano.
8. Projetividade. A disposição para acreditar que as coisas rudes e perigosas continuam no mundo; a projeção exterior de impulsos emocionais inconscientes.
9. Sexo. Preocupação exagerada com "comportamentos" sexuais.
Nos grupos de extrema direita criados por Olavetes, Bolsonetes, Reinaldões e Jaborzados -- (segundo minhas estimativas uns 50 mil entre os 300 mil da última manifestação em São Paulo) --- , temos todos os itens da Escala F plenamente presentes, formando uma onda de sociopatia quase-paranoica.
Não há como comprovar aqui, mas creio que a classe média centro-direita, além de muitos trabalhadores pobres de periferia, compartilha total ou parcialmente os itens 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Notem como são exatamente os valores da concorrência neoliberal selvagem que espremem a classe média contra a parede: valorização de um eu forte e aguerrido, disposto à competição ferrenha (como apontou a Sílvia Viana nos programas tipo Roberto Justus e Big Brother), submissão cega às hierarquias e aos líderes e às autoridades tidos como naturais e sagrados; moralismo total de tipo linchador, ou seletivo contra quem parece ocioso ou de esquerda, que parece gozar "sem trabalhar"; anti-intelectualismo e pragmatismo absoluto; disposição a pensar misticamente, seja por astrologia seja por dogmas religiosos e busca de um eu duramente narcísico, que não demonstra fraqueza.

2 comentários:

Revistacidadesol disse...

Aqui em BH, Cláudio, assim como em outras capitais, também a esquerda protestou no dia 12: O Movimento de Negação da Negação e o MEPR --esse inclusive com um preso político, Igor Mendes --ousaram intervir na manifestação da direita, no que eu os apoio plenamente.

Anônimo disse...

Olá Claudio,

gostaria de saber se o Diagonal teria interesse em fazer um show esse ano com algumas outras bandas da época.

Caso haja interesse você poderia me responder as condições como cache, equipamento, etc por email?

Obrigado.

ricardogarbin@gmail.com